Vasco perde para o Mirassol por 2 a 0 e afunda na luta contra o rebaixamento
dez, 3 2025
O Vasco da Gama foi derrotado por Mirassol Futebol Clube por 2 a 0 na noite de terça-feira, 2 de dezembro de 2025, no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro. A derrota, que encerrou a temporada como mandante do clube carioca, não foi apenas uma derrota no placar — foi um golpe na moral de uma torcida que já sente o cheiro da Série B. O técnico Fernando Diniz, que comanda o Vasco desde janeiro de 2025, admitiu: "Fizemos um jogo muito bom". Mas, como dizem os veteranos do futebol, "jogo bom não vence campeonato — gol vence". E o Vasco não fez nenhum.
Um jogo que merecia mais
O Vasco dominou o primeiro tempo, pressionou, criou chances, mas falhou na finalização. No segundo tempo, com a entrada de Paulo Henrique Ganso e Rayan Silva, o time cresceu ainda mais. As chegadas pela direita eram constantes, os passes eram precisos, os movimentos eram inteligentes. Mas o que aconteceu? O gol não veio. Enquanto isso, o Mirassol, que até então parecia em estado de sobrevivência, aproveitou duas chances — e convertidas. A primeira, aos 24 minutos do segundo tempo, foi obra de Renato Marques, que aproveitou um erro de marcação na zaga vascaína. A assistência veio de Carlos Eduardo Ferreira, que aos 38 minutos, em contra-ataque quase irrisório, fez o segundo. Foi cruel. Foi injusto. Mas foi futebol.Enquanto o Vasco pressionava, o Mirassol se recolhia, esperava, e quando o erro aparecia, atacava com precisão cirúrgica. O goleiro Léo Jardim, que completou 120 jogos pela equipe em 2025, não teve culpa. Fez defesas importantes, mas não pode fazer milagres contra a falta de eficiência ofensiva. "Ele praticamente não participou do jogo com as mãos", disse Diniz, tentando justificar. Mas o problema não estava na defesa. Estava na frente.
A lesão que piorou o quadro
Aos 18 minutos do segundo tempo, o lateral-esquerdo Lucas Piton, peça-chave na montagem ofensiva do Vasco, sofreu uma lesão no joelho esquerdo e foi retirado em maca. A substituição foi improvisada: Puma Rodríguez, de 22 anos, foi colocado na posição, mas não tinha experiência nem ritmo para manter o fluxo do jogo. A equipe perdeu não só um jogador, mas um ponto de equilíbrio. E o Mirassol, que já jogava com a tranquilidade de quem sabia que a vitória os levaria à Libertadores, aproveitou o momento de desorganização.Uma vitória histórica para o Mirassol
Enquanto o Vasco afunda, o Mirassol Futebol Clube celebra o feito mais importante de sua história. Com 68 pontos, o clube de Mirassol, interior de São Paulo, garantiu sua primeira vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores da América 2026, com a competição organizada pela CONMEBOL. É o primeiro acesso direto da equipe desde sua fundação, em 1925. Ninguém esperava. Mas o técnico do Mirassol, com um time modesto e sem estrelas, montou uma estratégia de contra-ataque perfeita. "Fizemos a nossa parte", disse o técnico da equipe após o jogo. "Não tínhamos pressão. Só queríamos aproveitar as chances. E conseguimos".
A crise que não para
O Vasco, por outro lado, vive seu pior momento em anos. Com seis derrotas nas últimas sete rodadas, o clube está na 17ª posição da tabela, com apenas 42 pontos — dois acima da zona de rebaixamento. O Coritiba, Chapecoense, América-MG e Sport estão logo atrás, todos com chances reais de escapar. Mas o Vasco não tem mais jogo em casa. As três últimas rodadas serão contra Fortaleza, Cruzeiro e Grêmio. Todos fora de casa. Todos difíceis. E todos decisivos.O presidente Pedrinho, que assumiu em janeiro de 2025, já havia dito em julho que a torcida não queria ver os 11 titulares do Mirassol com a camisa do Vasco. Hoje, essa frase parece uma profecia. O time que deveria ser referência de tradição e orgulho está prestes a se tornar sinônimo de caos.
Um treinador sob fogo
Fernando Diniz, de 51 anos, foi contratado após saída mútua do São Paulo, com a promessa de trazer um futebol mais moderno, mais organizado. Mas o que se viu em São Januário foi um time confuso, sem identidade clara. Nas últimas semanas, as críticas se multiplicaram. A imprensa, que antes o elogiava pela proposta tática, agora questiona sua capacidade de motivar. "A gente tem jogadores talentosos. Mas falta decisão. Falta coragem", disse ele após o jogo. Mas será que isso basta? A torcida quer resultados. Não discursos.
Quem está em risco — e quem não está
O Vasco não é o único em apuros. Mas é o único que tem história para perder. Enquanto o Mirassol vive seu momento mais alto, o Vasco vive seu mais baixo desde 2019, quando foi rebaixado pela última vez. A diferença entre os dois clubes não está no orçamento — o Mirassol tem orçamento menor que o Vasco. Não está na estrutura — o São Januário é um dos estádios mais antigos e icônicos do país. A diferença está na capacidade de aproveitar as oportunidades. E o Vasco, nessa temporada, perdeu todas.Frequently Asked Questions
Por que o Vasco não marcou gol mesmo dominando o jogo?
Apesar do controle de posse e das chegadas perigosas, o Vasco falhou na finalização: apenas 3 chutes no alvo em 18 tentativas, segundo dados da CBF. A falta de um centroavante de referência e a baixa eficiência de Ganso e Rayan Silva na última passagem foram decisivas. O time criou, mas não matou.
O que significa a vaga do Mirassol na Libertadores?
É a primeira vez na história do Mirassol Futebol Clube, fundado em 1925, que o clube conquista acesso direto à fase de grupos da Copa Libertadores. Isso representa um salto financeiro e de visibilidade sem precedentes, com estimativa de receita de R$ 40 milhões apenas com direitos de transmissão e premiações da CONMEBOL.
Qual é a situação real do Vasco na tabela?
O Vasco está em 17º lugar, com 42 pontos, dois acima da zona de rebaixamento. O 18º colocado, o Coritiba, tem 40 pontos, mas jogou menos. O Vasco precisa de pelo menos 4 pontos nas três últimas rodadas para garantir a permanência — algo que parece improvável dada sua última sequência de resultados.
Fernando Diniz vai ser demitido?
A diretoria ainda não se manifestou oficialmente, mas fontes internas indicam que o presidente Pedrinho está disposto a dar mais tempo ao técnico — desde que o Vasco consiga pelo menos um empate contra o Fortaleza. Caso contrário, a pressão da torcida e da mídia pode forçar uma troca antes da última rodada.
O Estádio São Januário ainda tem futuro como casa do Vasco?
Sim, mas com ressalvas. O estádio, inaugurado em 1927, tem capacidade para 21.880 pessoas, mas nos últimos jogos, a média de público caiu para menos de 15 mil. A prefeitura do Rio já sinalizou que a reforma do São Januário está na agenda, mas depende de investimentos privados. Enquanto isso, o Vasco precisa recuperar a identidade — e a torcida — antes de pensar em novas estruturas.
O que o Mirassol fez diferente para vencer?
O Mirassol jogou com disciplina tática e eficiência. Não tentou dominar, apenas esperou o erro e atacou rápido. Renato Marques e Carlos Eduardo Ferreira foram letais em contra-ataques. O time não teve mais de 45% de posse em nenhum momento, mas teve 7 chutes ao gol — 5 deles no alvo. Qualidade, não quantidade, venceu.