Agência Brasil de Notícias

Bruno Mazzeo estreia documentário sobre Chico Anysio no Globoplay

Bruno Mazzeo estreia documentário sobre Chico Anysio no Globoplay out, 8 2025

Quando Bruno Mazzeo, diretor e roteirista da Casé Filmes lançou a série documental “Chico Anysio: um Homem à Procura de um Personagem” no Globoplay em 25 de setembro de 2025, o público sentiu que um pedacinho da história do humor brasileiro voltava à vida. O filho do lendário humorista Chico Anysio, comediante celebrou o projeto como “o mais especial dos meus trabalhos”, destacando a dificuldade de trocar o texto pelo olhar da câmera.

Contexto da vida e da carreira de Chico Anysio

Nasceu em 12 de março de 1931, na cidade de Fortaleza, Ceará, e mudou-se ainda adolescente para o Rio de Janeiro, então capital cultural do país. Seu primeiro contato com a mídia foi na rádio, onde, já nos anos 1950, encantava ouvintes com improvisos e vozes múltiplas.

A revolução chegou à televisão em 1965 com o programa Chico City. Lá, o artista criou mais de 200 personagens – de Professor Raimundo a Tia Nastácia – e definiu o formato de humor de situação que ainda hoje influencia séries como A Grande Família e Porta dos Fundos. O ponto alto da trajetória foi o Chico Anysio Show, que, além de usar o então novo videotape, trouxe ao público a ideia de que um humorista podia ser autor de dezenas de personagens simultâneos.

Na vida pessoal, o humorista se casou seis vezes, gerando sete filhos biológicos, um filho afetivo e um enteado. Entre os casamentos, destaca‑se o enlace com a atriz Nancy Wanderley (1956‑1962), que deu origem a Lug de Paula, conhecido por interpretar Seu Boneco na «Escolinha do Professor Raimundo». O segundo matrimônio foi com a vedete Rose Rondelli (1962‑1971), pai de Nizo Neto, ator e humorista que, décadas depois, levaria o legado do pai ao cinema; também nasceram Rico Rondelli e o enteado Duda Anysio. Seu último casamento, com a empresária Malga Di Paula (2001‑2012), acompanhou os últimos anos de sua saúde delicada, até sua morte em 20 de março de 2012.

A produção do documentário: da ideia à estreia

O projeto começou a ser concebido em 2023, quando Bruno Mazzeo percebeu que, apesar das inúmeras homenagens, faltava uma obra que abordasse o humorista sob a ótica da família e dos bastidores. “Eu sempre trabalhei com texto, seja em peças ou roteiros de TV. Aqui, tive que aprender a escutar o silêncio da câmera”, confessou o diretor em entrevista ao Fantástico no dia 29 de junho de 2025.

A parceria com a Casé Filmes foi firmada em março de 2024. A produtora, já conhecida por biografias como “Cazuza – O Retrato”, trouxe equipe de pesquisa, fotógrafos de arquivo e um time de editores que passava noites revisando fitas de programas antigos. O cronograma foi apertado: gravações iniciaram em setembro de 2024, com mais de 30 entrevistas realizadas até março de 2025.

Entre os entrevistados, destacam‑se nomes como Nizo Neto, que descreveu o pai como “um perfeccionista que dormia duas noites seguidas pensando no próximo personagem”. Também apareceram amigos de infância de Chico em Fortaleza, como o locutor Júlio Bittencourt, que narrou a primeira apresentação em rádio.

A escolha do título “um Homem à Procura de um Personagem” refere‑se ao hábito de Chico criar identidades para entender diferentes perspectivas da vida. A trilha sonora, composta por música instrumental de Jacob do Bandolim, reforça o clima nostálgico, enquanto a edição alterna imagens de arquivo em preto‑e‑branco com imagens em alta definição, criando um contraste visual que remete à transição da era analógica para a digital.

Depoimentos e revelações inéditas

Depoimentos e revelações inéditas

  • Um dos bastidores mais surpreendentes foi a história da gravação do primeiro episódio do Chico Anysio Show, que ficou sem iluminação por 30 minutos porque o técnico confundiu o videotape com um rolo de filme.
  • Segundo Malga Di Paula, Chico desenvolveu um ritual matinal de escrever três linhas de piada antes do café, prática que ele mantinha até os últimos dias de vida.
  • O documentário revelou que o personagem “Professor Raimundo” nasceu de uma conversa casual entre Chico e seu então assistente, que pediu ao humorista para “dar uma aula de português”.

Além de nostalgia, a série traz críticas sutis ao cenário televisivo dos anos 80, apontando como a dependência de patrocinadores limitava a liberdade criativa. “Meu pai sempre dizia que a televisão era a “casa da mentira””, lembra Nizo Neto, acrescentando que o documentário expõe a luta do artista para manter seu conteúdo autêntico.

Repercussão e importância cultural

Na sua primeira semana de exibição, a série acumulou 1,2 milhão de visualizações no Globoplay, segundo dados internos divulgados pela plataforma. Comentários nas redes sociais foram majoritariamente positivos; o hashtag #ChicoAnysioDoc viralizou no Twitter, reunindo tanto fãs nostálgicos quanto jovens curiosos sobre a história do humor brasileiro.

Especialistas em mídia apontam que a obra reforça a necessidade de preservação de acervos televisivos antigos. “Documentários como este são fundamentais para educar novas gerações sobre a evolução da linguagem humorística no Brasil”, afirma a professora de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ana Lúcia Ribeiro.

Além do impacto cultural, a produção coloca Bruno Mazzeo em um novo patamar profissional. Até então conhecido por peças de teatro e roteiros de TV, ele agora tem na filmografia um crédito que pode abrir portas para projetos internacionais, já que a Netflix manifestou interesse em co‑produzir séries biográficas sobre humoristas latino‑americanos.

Próximos passos para Bruno Mazzeo

Próximos passos para Bruno Mazzeo

Com o sucesso da estreia, Mazzeo já anunciou que está desenvolvendo um segundo documentário, desta vez focado na era da televisão por assinatura nos anos 90. “Quero entender como o humor se adaptou ao novo modelo de negócios”, disse ele em entrevista ao portal UOL em 2 de outubro de 2025.

Enquanto isso, a série permanecerá disponível no catálogo do Globoplay como parte permanente da seção “Clássicos e Biografias”. O público pode assistir a todos os oito episódios, que variam entre 45 e 60 minutos, sem custo adicional para assinantes.

Perguntas Frequentes

Como o documentário aborda a influência de Chico Anysio na TV brasileira?

A série mostra, cena a cena, como Chico introduziu o videotape na produção, libertando a edição e permitindo a criação de múltiplos personagens em um mesmo episódio. Também analisa a forma como seus programas abriram caminho para formatos de humor de situação que ainda predominam em emissoras como Globo e Band.

Quem mais participou das entrevistas além da família?

Além dos filhos e esposa, o documentário traz depoimentos de colegas de bancada como Jô Soares, de produtores veteranos da TV Record e de críticos de humor que acompanharam a carreira de Chico nos anos 70 e 80. Cada entrevista acrescenta um ponto de vista diferente sobre os bastidores das gravações.

Qual o papel da Casé Filmes na produção?

A Casé Filmes foi responsável pela pesquisa de arquivos, curadoria de imagens raras e montagem da narrativa. A produtora, premiada por biografias anteriores, garantiu a qualidade técnica e o respeito à memória do artista, supervisionando toda a fase de edição e trilha sonora.

A série traz algum conteúdo inédito que nunca havia sido ao ar?

Sim. O documentário exibe trechos de gravações de rádio de 1958, ainda não digitalizados, além de imagens de bastidores do primeiro pilot do Chico Anysio Show que foram recuperadas de um cofre da TV Rio. Também revela cartas pessoais trocadas entre Chico e sua primeira esposa, Nancy Wanderley.

Quando o próximo projeto de Bruno Mazzeo será lançado?

A produção sobre a televisão por assinatura nos anos 90 está em fase de pesquisa e tem previsão de estreia para o segundo semestre de 2026, segundo informações da própria Casé Filmes.

8 Comentários

  • Image placeholder

    Lucas Santos

    outubro 8, 2025 AT 18:31

    Prezados, a produção demonstra um zelo admirável ao resgatar arquivos raros; contudo, pergunto-me se a escolha estética não sacrifica a objetividade documental. :)

  • Image placeholder

    Larissa Roviezzo

    outubro 8, 2025 AT 19:13

    Ai que coisa linda! esse documentário quase traz o cheiro da infância, mas ainda falta aquele toque de irreverência que a gente tanto ama

  • Image placeholder

    Luciano Hejlesen

    outubro 8, 2025 AT 20:36

    É indiscutível que a obra ostenta um nível de curadoria que beira o esnobismo intelectual 🤓, porém a narrativa padece de excessiva reverência que… 😒

  • Image placeholder

    Marty Sauro

    outubro 8, 2025 AT 22:33

    Olha só, se o objetivo era deixar todo mundo nostálgico, missão cumprida; ainda bem que ninguém ficou entediado com tanto flashback.

  • Image placeholder

    Aline de Vries

    outubro 8, 2025 AT 23:23

    O lance do Chico sempre foi sobre identidade, sacou? Ele criava personagens pra entender a vida, e a série mostra isso na prática, dá pra sentir a profundidade.

  • Image placeholder

    Mauro Rossato

    outubro 9, 2025 AT 00:46

    Essa produção é um verdadeiro baú de tesouros da nossa TV, um mergulho que traz à tona histórias que muitos nem imaginavam existir, ainda mais com a curadoria da Casé Filmes.

  • Image placeholder

    Tatianne Bezerra

    outubro 9, 2025 AT 02:10

    Vem aí mais um exemplo de como a criatividade brasileira domina o cenário; assistam, compartilhem, façam esse legado bombar ainda mais!

  • Image placeholder

    Hilda Brito

    outubro 9, 2025 AT 03:33

    Não vou cair na onda hype; o documentário tem falhas rijas, principalmente na edição que parece montar tudo às pressas, sem critério.

Escreva um comentário